Antes de mais nada, cada uma das duas extremidades inferiores, uma em cada membro inferior, constituídas de tarso, metatarso, e falanges dos pododáctilos, respectivas articulações, e partes moles que recobrem as ósseas, são chamadas de pé. Os pés servem para nos levar de um lugar ao outro, sustentar o peso do nosso corpo – e às vezes o corpo de outro também -, correr, pular, nadar, apoiar e – o motivo à priori de nossa discussão: atravessar ruas. O pé é uma ferramenta robusta e versátil, responsável pela agilidade adquirida ao longo da evolução, e certamente sem ele nunca poderíamos andar tão ligeiramente como fazemos, quiçá atravessar ruas. Enfim, atravessar ruas está para o pé como beijar está para a boca: fundamental!
Assim, para atravessar uma rua faça da seguinte maneira:
Ao se deparar com a borda da calçada, coloque-se a uma distância entre quinze e vinte e cinco centímetros (margem de segurança) da rua e apóie com firmeza todo o conjunto de ossos e articulações anteriormente abordado, ou seja, o seus pés deverão estar bem firmes. Em seguida e sem pressa mova a cabeça em ambas as direções – para a direita e para a esquerda – a fim de se certificar de que é seguro imprimir movimento ao seu desejo de transpor a distância que separa você do outro lado. Para o destro o pé direito, para o canhoto o pé esquerdo – não importa qual deles se moverá primeiro -, o importante é que o movimento seja sincronizado. Já nos primeiros passos pode-se sentir a pressão do solo sob nossos pés, de como o calçado se molda ao terreno para proporcionar o conforto necessário para que façamos a caminhada com segurança e destreza. Os joelhos são de grande importância também nesse processo, pois compreendem a articulação da coxa com as pernas e todas as partes moles que a circundam. É fundamental manter sempre a saúde dos joelhos em dia. Durante o intervalo de tempo entre os dois momentos – do lado em que se estava para o lado em que se quer estar – podemos articular nosso pensamento, cantar uma canção qualquer, apreciar um espaço de terreno que se abrange num lance de vista, entre outras coisas. É claro que tudo isto só pode ser feito se não houver movimento na rua – que você a priori já se certificou quando olhou para os dois lados antes de atravessá-la. E finalmente, atravessar ruas é um exercício necessário, obrigatório, e inerente ao modo de vida do homus erectus. Se até as galinhas atravessam a rua, por que nós não faríamos isso?
A partir de hoje você dará um novo valor a este simples e imperceptível ato humano, mas extremamente importante e fundamental: o verbo transitivo direto que abre caminho entre dois pontos distintos: o lado de cá e o lado de lá!